Coceira, vermelhidão, feridas, ardência e descamação na pele. Esses são alguns sintomas da dermatite atópica, também conhecida como eczema, uma alergia não contagiosa, genética e crônica.
Mesmo sendo a 11ª doença dermatológica mais comum no Brasil, ela é um tabu para muitas pessoas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), 7% dos adultos e 25% das crianças convivem com a dermatite no país, muitos sofrendo impactos que vão além das lesões na pele, afetando a qualidade de vida e a autoestima.
É preciso quebrar esse tabu, bora com a gente? Nos próximos tópicos você entenderá melhor o que é a dermatite, suas causas, sintomas e tratamento.
O que é a dermatite atópica
A dermatite atópica é uma doença alérgica, hereditária, não contagiosa e com o caráter reincidente, ou seja, há momentos de melhoria e de piora (as chamadas crises).
Ela está associada à outras doenças alérgicas, como a asma e a rinite, geralmente surgindo nos primeiros anos de vida da criança e desaparecendo na adolescência, com uma frequência de casos bem menor na fase adulta.
Também há tipos de dermatite causadas por fatores externos, como ambientes frios ou secos demais, produtos de limpeza, tecidos, bactérias, fungos, ácaros da poeira e até alguns alimentos, como o queijo e o amendoim.
Então, lembre-se: não “se pega dermatite”. Ela é causada por condições genéticas ou do ambiente.
Porque a dermatite coça tanto?
Segundo a dermatologista Ana Mósca, do Departamento de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a pouca hidratação cutânea é a principal característica da dermatite atópica.
Na fase crônica, a pele não consegue reter água e fica muito seca e grossa. Essas alterações aumentam a irritação, tornando a coceira algo incontrolável. Ou seja, se hidratar é muito importante.
Em casos mais graves, a coceira intensa faz com que o paciente agrida ainda mais a pele. Sem querer, ele pode retirar pequenos pedacinhos do tecido com as unhas e gerar infecções.
Geralmente as lesões ocorrem em áreas visíveis do corpo e, infelizmente são vistas e tratadas por muitos com preconceito, pois acreditam que a doença é contagiosa.
O relato da Camila Batista, portadora da dermatite, em entrevista para o portal “Viva Bem” da UOL, mostrou essa realidade:
“Minha mão sempre foi enrugada e já ouvi muitos comentários a respeito disso que me magoavam. Quando estamos em crise, qualquer gesto mínimo ou pergunta podem ofender. Olhares fixos já constrangem. Meus familiares me diziam para ter paciência, mas paciência é o que a gente menos tem quando surge um problema na pele. Não há como não atingir sua autoestima. Mas hoje entendo que se você se fechar, não vai resolver nada, o ideal é aceitar e aprender a viver com isso”.
Regiões mais afetadas
Em sua série de vídeos sobre a doença, o médico Dráuzio Varella reforça que as regiões mais afetadas variam conforme a idade do paciente:
- Crianças de até 3 meses: bochechas
- Crianças de 6 meses ou mais: região malar do rosto e couro cabeludo
- Crianças entre 2 e 12 anos: dobras do cotovelo e joelho
- Adolescentes e adultos: são mais difusas, avermelhadas e descamativas nas áreas de flexão, em volta dos lábios e dos olhos.
Outros tipos de dermatite
Os principais tipos, além da atópica explicada anteriormente, são:
- Dermatite de contato ou alérgica
- Dermatite seborreica
- Dermatite hipertiforme
- Dermatite ocre
Todas possuem sintomas bem parecidos, variando as causas, regiões atingidas e o tratamento. Por isso é fundamental consultar o seu dermatologista (nada de se basear somente em artigos do Google, heim!).
Dermatite de contato ou alérgica
Muito comum, casos por ano: mais de 2 milhões*. É caracterizada por alergias provocadas pelo contato direto da pele com superfícies ou produtos irritantes, como os cosméticos e as bijuterias.O local pode apresentar a descamação, coceira, vermelhidão, inchaço, bolhas e erupção cutânea.
Caso perceba que algum agente externo provocou essas reações, você precisa se afastar dele imediatamente, usando cremes emolientes para nutrir e proteger a pele, principalmente nas mãos e no rosto.
Em casos mais graves, o tratamento é feito com pomadas corticóide e/ou remédios anti-histamínicos.
Dermatite seborreica
Muito comum, casos por ano: mais de 2 milhões*. Também conhecida como seborreia e caspa, esse tipo de dermatite provoca lesões avermelhadas que descamam e coçam. É mais comum entre os primeiros meses de vida dos bebês e em homens adultos.
Ocorre em áreas mais oleosas, como o couro cabeludo, sobrancelhas, barba, dentro e atrás das orelhas, laterais do nariz, nas costas e nas dobras de pele, ou onde há a presença do fungo Pityrosporum Ovale.
A caspa não é um sinal de desleixo ou falta de asseio.
Mesmo sem uma cura, existem produtos especiais — de uso local — que ajudam a aliviar os sintomas. Também é importante evitar roupas que retenham o suor, tomar banhos muito quentes, consumir alimentos gordurosos e o estresse.
Dermatite hipertiforme
Rara, casos por ano: menos de 150 mil*. Tem uma evolução gradual: no início surgem lesões avermelhadas na pele, que se transformam em pequenas bolhas e, em seguida, em grandes erupções. Todas as fases são acompanhadas por coceira.
A causa é desconhecida, mas associada com doenças autoimunes e sensibilidade ao glúten. Por isso, uma pessoa com a dermatite hipertiforme deve cortar da sua dieta os alimentos ricos em glúten. .
Em relação ao tratamento com medicamentos, geralmente são utilizados dapsona ou sulfapiridina.
O tratamento é longo e pode durar meses, ou até mesmo anos, e não deve ser interrompido (ou iniciado) sem uma recomendação médica.
Dermatite ocre
Muito comum, casos por ano: mais de 2 milhões*. Já a dermatite ocre é provocada por problemas na circulação sanguínea, onde surgem manchas arroxeadas ou marrons nas partes inferiores das pernas. Ela está associada às varizes.
O tratamento é feito com medicamentos que estimulam a circulação do sangue pelo corpo, e é recomendado repouso, elevação das pernas e meias elásticas.
Como tratar a dermatite atópica? Tem cura?
Infelizmente, a dermatite atópica não tem cura, mas tem tratamento com foco em:
- Diminuir a coceira
- Ajudar na hidratação
- Tirar a inflamação
Geralmente, os tratamentos medicamentosos são a base de remédios derivados da cortisona ou imunossupressores. Mas os mesmos que ajudam, se usados de forma errada, podem atrapalhar.
“Por exemplo, uma pomada de corticóide com ação anti inflamatória tem um tempo máximo de uso de 5 dias ou 1 semana. Se passar disso, a pele sofre do chamado ‘efeito rebote’: o medicamento começa a provocar efeitos colaterais, como estrias, aumento de peso e diabetes”, explica o dermatologista Samuel Mandelbaum, em entrevista ao canal do Dr.Drauzio Varella.
Mas além dos medicamentos, existem cuidados básicos do dia-a-dia que podem te ajudar a aliviar os sintomas e as causas da dermatite:
- Tome banhos rápidos, em água morna
- Use sabonetes líquidos ou infantis (glicerina resseca mais a pele)
- Evite esponjas, buchas ou escovas
- Aplique cremes hidratantes nos 3 primeiros minutos após o banho (evite os a base de ureia, pois podem causar desconforto na pele). Além disso, reaplique de 2 a 3 vezes ao dia
- Use roupas de cores claras e com tecidos leves, como o algodão
- Evite amaciantes, branqueadores e detergentes
E o mais importante: não coce a pele! Isso pode desencadear crises mais agudas da doença.
Vale lembrar! Consultar um dermatologista sempre será a opção mais indicada e saudável. Não acredite em produtos milagrosos, confie no seu médico. 😉
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